Comece observando como as relações hierárquicas funcionam, considerando a ‘lei do mais fraco’ em relação ao mais forte e vice-versa.
Agora me diga: é mais fácil atender ao pedido de um filho quando ele faz birra ou quando age de forma carinhosa? Da mesma forma, é mais provável que seu marido atenda às suas necessidades quando você cria um conflito ou quando age com gentileza e afeição?
Então, por que normalmente escolhemos o caminho mais difícil e traumático?
Nós, mulheres, muitas vezes, ao usarmos a força, não conseguimos ir muito longe. A própria história nos mostra isso. Quando as mulheres usaram a força na luta pelo direito ao voto, por exemplo, os avanços foram lentos. Esse direito veio de forma natural, e eu posso provar:
O movimento sufragista começou em 1848 nos Estados Unidos, com a Convenção de Seneca Falls, e ganhou força no Reino Unido. Por décadas (70 anos), essas mulheres enfrentaram resistência, sem conquistas significativas até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Durante a guerra, ao assumirem trabalhos tradicionalmente masculinos devido à ausência dos homens, elas evidenciaram sua capacidade e importância social.
Apesar das ações radicais de grupos como a União Social e Política das Mulheres (WSPU) no Reino Unido, que usavam táticas violentas, como destruição de propriedades e greves de fome, os avanços foram negligenciados. A luta enfrentou estagnação, divisões internas e forte oposição política e social.
Somente após a guerra, ao reconhecerem o papel essencial das mulheres, os governos começaram a conceder o direito ao voto. No Reino Unido, as mulheres conquistaram o sufrágio parcial em 1918, e nos EUA, em 1920.
Vivi algo semelhante em parte. Quando jovem, tinha meus sonhos, que incluíam gerenciar uma empresa. No entanto, ao me apaixonar, casar e ser mãe, as minhas decisões me conduziram inicialmente a um rumo oposto a este sonho.
No início da carreira, minha tia e eu montamos uma confecção de roupas femininas. Era um empreendimento de bairro, com amigas e conhecidas como clientes. Apesar de simples, eu me sentia satisfeita.
Meu esposo, na época, concordava com minha atividade, mas não passava disso. Ele, como alguns homens cuidadosos, me protegia e não permitia que eu lidasse com muitas pessoas desconhecidas, algo que ele fazia diariamente em seu próprio negócio. Ainda bem que as coisas aconteceram como aconteceram.
Eu, com minha confecção, e ele, com seu recente empreendimento, uma agência de comunicação e publicidade, seguíamos nossas vidas. Com o tempo, a agência dele cresceu, e fui chamada para ajudá-lo. Assim o fiz, mesmo amando minha pequena empreitada. Anos depois, me vi gerenciando uma equipe de designers e programadores em nossa atual agência de marketing. Quando os outros gerentes não deram conta, tive que assumir o posto, e assim exerço essa função até hoje, com o apoio do CEO que me ama… rsrs.
Meu sonho de juventude se realizou da forma mais segura que uma mulher pode desejar. Conheço mulheres que estão na selva do empreendedorismo sem amparo. Assim como os efeitos do tabaco foram detectados apenas quando os grandes problemas surgiram, acredito que ainda estamos vivendo para descobrir os danos de certos estilos de vida. Já ouço murmúrios de mulheres que acham que não vale a pena certas escolhas, enquanto outras já estão clamando por socorro. E assim a vida segue.
Cresci ouvindo uma das frases mais significativas da minha vida, dita por meu saudoso pai: “A mulher faz o homem”.
Acredito que você pode alcançar tudo o que deseja sem exercer força. Deixe o peso para os homens. Afinal, você perceberá que o caminho sem danos para nós, mulheres, não envolve força. Com a peculiar habilidade que possuímos, usando nossos melhores atributos teremos sim, validação, conquistas, avanços sem prejuízos ou lutas desnecessárias. Muitas vezes, o que queremos já está prestes a acontecer sem nossa interferência, e o que fazemos por conta própria só atrapalha, como aconteceu com as sufragistas.
Se você acha que uma amiga impetuosa precisa ouvir essa história, compartilhe com ela!